O Rottweiler Da Casa

O meu homem adora cães, em particular, Labradores. Teve um há uns anos que morreu prematuramente. Quando comprámos a nossa casa, desde cedo que ele deu a entender que queria um cachorrinho. Eu nunca tive. Adoro animais, mas não sabia como seria ter um cãozinho cá em casa. Como nunca rejeitei a ideia, ainda pensámos em comprar um Labrador, mas a vontade de adoptar um cachorrinho falou mais alto. E assim foi. Fomos a uma associação conhecer alguns. Foi dos momentos mais angustiantes da minha vida. Eram todos lindos e todos pediam para vir connosco. Eu tinha já decidido - e o S concordado - que queríamos um cão deficiente. Normalmente não são adoptados e nós queríamos um assim. Havia, de facto, um cachorrinho que tinha um problema na patinha, mas a verdade é que nos apaixonámos por outro. Perdão, outra:É esta a nossa pequena. É a cadelinha mais meiga do Mundo. É fiel, companheira, ressona um pouco e suspira. Faz uma espécie de ronrono quando a mimamos. Faz expressão de malandra quando se porta mal e olhos tristes quando quer comida, a chantagista. Quando a apanhamos em flagrante a fazer disparates, disfarça olhando para o tecto. Tem a mania de fazer traquinices de costas para nós - pensa que por não nos ver, nós não a vemos. Tem aspecto de cadela de caça, mas morre de medo de fogo-de-artifício. Se dizemos senta, ela senta. Ou então deita. Ou então vira costas. Achamos que ela interpreta o senta como faz-o-que-bem-te-apetece.
Mas ontem é que foi a prova de fogo. Ela foi esterilizada. Estivemos com ela até adormecer pela anestesia. Engolimos em seco. Parecia que era o nosso filho que estava ali para tirar o apêndice. Mas tudo correu bem. Está de volta, quase fina.
E agora após a histerectomia - vivamente aconselhada pela veterinária -, reduzem-se as probabilidades de cancro. Não há cá descontrolos hormonais. Será feliz como tem sido até agora. E como a malandra tem um namorado, ninguém a pode acusar de engravidar para o agarrar. Pronto, 'tá, eu confesso: ela tem dois. Maluca!

|Imagem - Minha|